quinta-feira, 31 de maio de 2018

EU Futebol Clube S.A.

Vou escrever hoje sobre um sentimento que me atormenta, o de torcedor de futebol.
Santista desde criança (e não por influência do meu pai), ganhava camiseta e bola do vizinho que tinha uma loja de 1,99, quando se chamava apenas brechó, ou algo do tipo. Ele, que não me lembro o nome, era santista roxo, e ainda me recordo da efusiva comemoração do título de 1984.
Criança, iludida, que time grandioso, que festa. Festa que não aconteceria pelos próximos 18 anos, período que fui aniquilado pelos adversários paulistanos, minha infância foi marcada por goleadas contra e a favor, e nenhum título. Me restava comemorar os feitos de Paulinho Maclaren, Guga (3 gols no Corinthians em um só jogo, sendo 1 de bicicleta) e Giovanni, este último virtual campeão brasileiro de 1998, como dizem, campeão moral.
Lógico que tentei torcer por outros times, achava bacano o símbolo do time da marginal sem número, hoje com endereço em Itaquera, ou seria Arthur Alvim. Me divirto dizendo que só corintiano para ter tempo de sobra para tal feito. Torci pelos Menudos do Morumbi, como esquecer Pita, Silas, Muller, Careca, Gilmar e Rojas revesando no gol do São Paulo. Mas toda vez que estes times enfrentavam o Santos, meu coração falava mais alto pelo time da Vila Belmiro.
Cresci então enaltecendo Pelé, e o Pelé não me decepcionou, sempre se declarando santista, mesmo com boatos de que seria palmeirense ou corintiano, o primeiro porque dizem que era o time que torcia quando criança, e o segundo pela infalível mira ao gol que proporcionou 11 anos de freguesia corintiana, e também pelo fato de ter sido recusado nestes times antes de chegar na baixada santista, onde foi rei do mundo.
O Pelé, independente dos sentimentos pessoais, defendeu e defende o Santos Futebol Clube, onde ganhou tudo o que pode, menos dinheiro, que foi ganhar nos EUA, mais precisamente no Cosmos.
Giovanni, Robinho ainda representam, mesmo que este último tenho jogado em Minas Gerais, mais ainda representam este espírito de gratidão pelo clube de formação, pelo menos isso.
Hoje vejo o Neymar reinando, ou tentando reinar no mundo, e nenhuma palavra ao clube que o formou. Pior que isso, sempre que pode se declara palmeirense, mas com requintes de crueldade, dizendo que pretende voltar ao Brasil e jogar no Palmeiras. Onde estava o Palmeiras quando o Santos formou, criou, deu vida ao Neymar Jr.?
Vão dizer, ele tem o direito que falar o que quiser, é verdade, e eu tenho o direito de me sentir traído, por quem me trouxe uma das melhores alegrias, que foi ver um título da Libertadores ao vivo e a cores, em pleno Pacaembu.
Mas Neymar é apenas um exemplo do que vem acontecendo no futebol, não há mais a bandeira do clube, mas apenas o Eu Futebol Clube.
Paulinho, ex-jogador do Vasco da Gama, mal saiu e já disse que volta para o Brasil no Flamengo, sem problemas.
Rodrygo, no raio do Santos, não vê a hora de ir para o Barcelona, pra que ser campeão no Santos?
Posso ficar horas dando vários exemplos, onde o que menos importa é a agremiação, não me entendam mal, tudo bem jogar em outro clube, mas a falta de respeito com o clube formador, com quem te proporcionou a vida no futebol, esta grande demais.
Edmundo jogou em vários clubes, assim com o Neto, mas eu sinto que havia mais respeito, pode ser um erro meu, um engano, mas é um sentimento que me atormenta.


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